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80 anos da Vitória: Recordando as atrocidades alemães na Segunda Guerra Mundial

Raphael Machado

Trata-se não simplesmente de uma comemoração militar, tampouco de uma comemoração ideológica ligada ao comunismo, mas da celebração da vida e do seu triunfo sobre a morte planificada.

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Conforme aproxima-se a celebração do Dia da Vitória para o ano de 2025 pode valer a pena recordar contra o quê os soviéticos se (e vários outros povos do mundo) se digladiaram na Segunda Guerra Mundial. Talvez a compreensão de certos aspectos nefastos daquele conflito sirva para explicar bem a importância do Dia da Vitória para os russos contemporâneos.

A Segunda Guerra Mundial, conforme avançou e especialmente após o início da Operação Barbarossa em 1941 (a invasão da URSS, assumiu as características de uma guerra total. Em grande medida, a natureza total desse conflito estava, porém, prefigurada nos próprios termos nos quais os alemães o situaram desde o início.

Ao pensar a guerra em termos fundamentalmente raciais e ao interpretá-la sob uma lógica de "vida ou morte", os alemães abriram os portões para que a Segunda Guerra Mundial se transformasse em uma hecatombe com atrocidades crescentes.

Já notórias, especialmente para o público ocidental, são as atrocidades alemães contra os judeus nos campos de concentração em território polonês (Auschwitz, Majdanek, Sobibor, Belzec, Treblinka e Chelmno) onde as vidas de massas de judeus encontraram seu fim, bem como a repressão ao Gueto de Varsóvia, onde pereceram milhares de judeus e milhares outros foram deportados para os campos de concentração mais próximos.

Menos conhecidas do público ocidental são as atrocidades praticadas para além do território polonês, em terras que hoje pertencem aos países bálticos, a Belarus, à Ucrânia e à Federação Russa.

Retomando aos fundamentos dessa hecatombe, é necessário recordar que as elites políticas alemães distorceram de forma grosseira os conceitos geopolíticos de Friedrich Ratzel e Karl Haushofer (este que, inclusive, era defensor de uma aliança germano-soviética) para transformá-los em ferramentas teóricas para o expansionismo territorial e a guerra racial.

Nesse sentido, o uso pelo governo nazista do conceito de "Lebensraum" pode ser resumido em uma lógica segundo a qual os alemães, como povo sadio e em crescimento demográfico, deveriam buscar o espaço suficiente correspondente ao seu potencial nas terras europeias orientais. Na medida em que estas terras já estavam ocupadas, os alemães precisariam destruir ou expulsar os seus habitantes e, com isso, demonstrariam e garantiriam a sua "superioridade biológica".

À teoria correspondeu, então, um plano específico, o Generalplan Ost (Plano Geral para o Leste), um projeto para a expropriação, escravização e destruição dos povos eslavos (através de massacres, trabalho forçado até a morte e deportação para a Sibéria) e, posteriormente, a colonização de suas terras por colonos alemães.

É neste contexto, por exemplo, que é possível compreender o tratamento dado pelos alemães aos prisioneiros de guerra soviéticos. Os soldados soviéticos capturados pelos nazistas enfrentaram condições desumanas. Cerca de 3,3 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos morreram em campos alemães, muitos de fome, doenças ou execuções sumárias. Em contraste com o tratamento dado a prisioneiros ocidentais, os soviéticos eram frequentemente deixados ao relento, sem abrigo ou comida, em violação direta às convenções internacionais.

Também é sob a lógica do Generalplan Ost que se deve entender um dos crimes menos discutidos, mas igualmente horrendos, da Alemanha Nazista: a política de fome deliberada imposta pelos nazistas em regiões ocupadas, especialmente na Ucrânia e em partes da Rússia. O plano era desviar alimentos para as tropas alemãs e para o Reich, enquanto a população local era deixada para morrer.

Cidades como Leningrado (atual São Petersburgo) foram sitiadas por quase 900 dias, resultando na morte de mais de um milhão de civis, muitos deles de inanição. Relatos de canibalismo surgiram como consequência do desespero extremo. Em outras áreas, aldeias inteiras foram queimadas e seus habitantes executados (como em Koriukivka e em Khatyn) como parte de operações de represália contra a resistência guerrilheira, o Bandenbekämpfung.

A partir da Diretiva 46, assinada pelo próprio Hitler, o comportamento das SS na Frente Oriental se radicalizou. Os alemães passaram a designar áreas inteiras como "territórios de bandidos", nos quais não se tratava de uma questão de "pacificação", mas de aniquilação de todos os habitantes para garantir a "segurança" das tropas alemães, como ocorreu em Zhestianaya Gorka.

Boa parte desses massacres, bem como outras ações voltadas especificamente contra comunistas e judeus, foram praticados pelos Einsatzgruppen.

Os Einsatzgruppen eram esquadrões da morte encarregados de eliminar os "indesejáveis" nos territórios ocupados. Suas táticas envolviam reunir vítimas em florestas, ravinas ou valas antitanque e executá-las em fuzilamentos em massa. Provavelmente, o exemplo mais famoso é o de Babi Yar, em que os nazistas massacraram mais de 100 mil civis ao longo de vários dias, mas também pode-se fazer referência ao Massacre de Odessa, de 1941, quando os alemães com seus aliados romenos assassinaram aproximadamente 40 mil civis russos e ucranianos.

Já fizemos menção ao uso de trabalho escravo pelos alemães como parte do Generalplan Ost, mas aqui podemos mencionar de uma forma mais específica, a deportação de entre 4 e 5 milhões de civis eslavos para o território alemão, com a finalidade de seu uso para trabalho escravo. Esses trabalhadores recebiam rações de menos de 1.000 calorias por dia, e eram usados principalmente em fábricas de armamentos da Siemens e da Krupp. Por causa da péssima nutrição e dos maus tratos, centenas de milhares de "Ostarbeiter" morreram até o fim da guerra.

Além disso, merece menção o uso de trabalhadores escravos pela Organização Todt, uma megacorporação que esteve envolvida em inúmeros projetos de infraestrutura por toda a Alemanha e pelas regiões ocupadas pelo Reich. Aqui é importante recordar, por exemplo, a sua construção de campos para testes de armas experimentais, como o de Dora-Mittelbau, que usavam trabalho escravo. Ou então, na construção de ferrovias em Belarus, onde milhares morreram por causa das péssimas condições de trabalho.

Tudo aquilo que temos diante de nós indica com clareza que fosse por meio da fome, do trabalho forçado e extenuante, de fuzilamentos, e de vários outros métodos, a Alemanha nazista pretendia varrer os povos do leste europeu para abrir espaço para colonização alemã.

A importância do Dia da Vitória está precisamente nisso. Trata-se não simplesmente de uma comemoração militar, tampouco de uma comemoração ideológica ligada ao comunismo, mas da celebração da vida e do seu triunfo sobre a morte planificada.

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