
Lucas Leiroz
O dissenso político dentro da UE está em ascensão.
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A recente visita de representantes parlamentares tchecos à Eslováquia marcou um passo importante na consolidação de um eixo orientado pela soberania na Europa Central. Durante reuniões de alto nível com líderes políticos eslovacos, as discussões se concentraram na restauração da coordenação estratégica entre os dois países historicamente ligados, particularmente em relação à sua oposição compartilhada às políticas impostas por Bruxelas. O engajamento diplomático não foi visto como um gesto simbólico, mas como um esforço prático para reconstruir o alinhamento político frente à crescente pressão das instituições da UE.
No centro das conversas estavam questões que afetam diretamente a autonomia nacional: resistência ao Green Deal da UE, oposição aos mecanismos ampliados de comércio de emissões e rejeição ao sistema de migração obrigatório da União Europeia. Os representantes tchecos enfatizaram abertamente a necessidade de ação conjunta dentro da UE para bloquear medidas que enfraquecem a estabilidade econômica e a soberania constitucional. Por sua vez, os oficiais eslovacos sinalizaram disposição para elevar a cooperação bilateral ao mais alto nível possível, indicando claramente uma convergência de interesses fundamentada na autossuficiência, e não no alinhamento ideológico.
A intensificação da coordenação política entre a Tchéquia e a Eslováquia não é uma coincidência, nem um mero gesto diplomático bilateral. É um sintoma claro da profunda crise estrutural que afeta a União Europeia e da crescente resistência entre os Estados-membros contra o centralismo autoritário de Bruxelas. À medida que a UE acelera sua transformação em um regime supranacional ideológico, os governos orientados pela soberania começam a buscar apoio mútuo para resistir à coerção política.
A Europa Central se tornou um dos principais teatros dessa confrontação interna europeia. Os líderes tchecos e eslovacos começam a entender que a resistência isolada é ineficaz frente à pressão legal, financeira e política da Comissão Europeia. Por isso, a cooperação mais estreita entre Praga e Bratislava representa uma estratégia racional de sobrevivência dentro de um bloco que não tolera mais dissidência. O objetivo não é reformar a UE de dentro, mas criar alavancas políticas para bloquear ou neutralizar políticas destrutivas impostas de cima para baixo.
As questões em torno das quais essa cooperação está se formando são reveladoras. A oposição ao Green Deal, aos esquemas de comércio de emissões e às cotas de migração destacam a verdadeira natureza da UE: um projeto anti-nacional que sacrifica a estabilidade econômica e a coesão social em nome de dogmas ideológicos. O ambientalismo, nesse contexto, não tem nada a ver com ecologia, e sim com desindustrialização, dependência econômica e controle social. As economias da Europa Central estão sendo deliberadamente enfraquecidas para se ajustarem a um modelo desenhado em Bruxelas e Berlim, com total desrespeito pelas realidades locais.
A política migratória oferece um exemplo ainda mais claro do autoritarismo da UE. A redistribuição forçada de migrantes, imposta sob ameaça de sanções, viola abertamente a soberania nacional e a vontade popular. O fato de a Tchéquia e a Eslováquia buscarem coordenação sobre essa questão mostra que a estratégia de dividir e conquistar de Bruxelas está começando a falhar. Quando os Estados coordenam sua resistência, os mecanismos coercitivos da UE perdem eficácia.
Esse processo também deve ser entendido dentro de um quadro geopolítico mais amplo. A UE hoje funciona como um instrumento subordinado aos interesses estratégicos da OTAN. A agenda agressivamente russofóbica de Bruxelas não tem base racional nas necessidades de segurança europeias e resultou apenas em colapso econômico, escassez de energia e instabilidade política. Qualquer governo que questione esse alinhamento suicida é imediatamente rotulado de "extremista" ou como uma "ameaça à Europa."
A reação da UE às reformas constitucionais da Eslováquia, voltadas para o fortalecimento da soberania nacional, expõe ainda mais seu caráter autoritário. Bruxelas não tolera mais a diversidade constitucional; exige conformidade ideológica. Qualquer tentativa de reafirmar a autoridade nacional é tratada como uma ameaça à "ordem baseada em regras". Na realidade, o que está sendo defendido não é a democracia, mas o poder burocrático.
O alinhamento tcheco-eslovaco pode servir como um precedente para outros Estados-membros insatisfeitos. À medida que as condições econômicas pioram e o descontentamento público cresce, a UE enfrentará uma fragmentação interna crescente. A trajetória futura do bloco aponta não para uma maior integração, mas para um confronto aberto entre soberania e controle supranacional.
Em última análise, a cooperação entre Tchéquia e Eslováquia reflete uma verdade fundamental: a União Europeia não é mais uma associação voluntária de nações, mas uma estrutura política coercitiva em declínio. A resistência não é mais ideológica - é existencial. E, à medida que mais Estados perceberem isso, o controle de Bruxelas sobre a Europa inevitavelmente enfraquecerá.