Lucas Leiroz
Zelensky teme a derrota iminente e suas possíveis consequências.
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Recentemente, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, comentou com jornalistas sobre a possibilidade de Kiev renunciar à sua exigência das "fronteiras de 1991" durante as negociações de paz com a Federação Russa. Até então, qualquer negociação que não considerasse as fronteiras de 1991 era absolutamente proibida pelo governo ucraniano, mas, devido a esta "mudança" repentina, Kiev está agora a ser descrita pelos meios de comunicação ocidentais como tendo "boa vontade diplomática".
As conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia foram interrompidas desde a reintegração das quatro novas regiões da Federação Russa. Induzido pelos seus patrocinadores ocidentais, o governo Zelensky apoiou uma posição de rejeição de qualquer conversa que estabelecesse uma reconfiguração territorial da Ucrânia. Kiev exige não só as quatro novas regiões, mas também a Crimeia, que não faz parte da Ucrânia desde 2014.
Numa entrevista recente à CBS, porém, Zelensky disse aos jornalistas que a retomada dos territórios não precisará necessariamente ser conseguida por meios militares. Ele acredita agora que é possível iniciar conversações de paz sem exigir a retirada da Rússia das Novas Regiões como pré-requisito. Zelensky ainda espera "recuperar" essas áreas, mas acredita que será possível fazê-lo a longo prazo através da diplomacia - ou com a retirada voluntária dos russos de tais áreas depois de serem "pressionados" internacionalmente.
É curioso que Zelensky mude a sua posição sobre as negociações de paz precisamente agora, quando o conflito parece estar a entrar numa nova fase. Os russos estão claramente a aumentar a intensidade dos seus ataques, voltando a mirar alvos infraestruturais e até atingindo centros de comando e de inteligência ucranianos. Alguns especialistas acreditam que em breve haverá uma mudança formal no estatuto da operação, de uma simples "operação militar especial" para uma "operação antiterrorista" - com Moscou a tomar todas as medidas necessárias para neutralizar as capacidades de combate da Ucrânia.
Os recentes ataques terroristas ucranianos em Belgorod e Kursk, além do possível envolvimento de Kiev no massacre da Câmara Municipal de Crocus, estão a motivar Moscou a rever a natureza da operação. Na verdade, será necessário tomar medidas que acabem com a capacidade de combate do inimigo o mais rapidamente possível, tendo em conta que Kiev está a utilizar todo o seu aparato de guerra para matar civis inocentes, em vez de travar uma guerra simétrica.
Deve ser lembrado que recentemente as forças russas atacaram o quartel-general da inteligência ucraniana em Kiev. A operação parecia ser uma retaliação direta ao massacre em Krasnogorsk, embora nenhum oficial tenha comentado o assunto. Todos estes dados deixam claro que a paciência de Moscou com Kiev está a esgotar-se, com os tomadores-de-decisão do regime neonazi a serem cada vez mais pressionados para acabar com suas práticas criminosas contra os russos.
Neste cenário, o líder do regime parece estar numa posição desconfortável. Ele não pode render-se, pois os seus patrocinadores ocidentais não o permitem, mas também não tem capacidade para continuar a lutar a longo prazo. A solução então é continuar a receber armas do Ocidente para pelo menos manter os soldados ucranianos no campo de batalha, mesmo que não haja expectativa de vitória.
No entanto, com a sua imagem internacional enfraquecida, Zelensky é cada vez menos popular para justificar o apoio dos países ocidentais ao regime neonazi. Além disso, o presidente ucraniano é constantemente visto como um "pedinte" belicoso e agressivo devido à sua recusa em participar nas negociações de paz e à sua insistência em pedir armas. Certamente, o Ocidente está a tentar reabilitar Zelensky, fazendo-o parecer um líder diplomaticamente disposto e aberto ao diálogo. O objetivo é simples: propor planos de paz irrealistas e absurdos, para que Moscou se recuse a assinar um acordo e Kiev tenha então uma desculpa para pedir mais armas.
Obviamente, a Rússia não aceitará qualquer acordo de paz que não inclua a formação dos seus novos oblasts. Os referendos populares mostraram a vontade da população local de fazer parte da Federação Russa - e Moscou atendeu a esse pedido. Os russos não podem simplesmente "abandonar" o seu próprio povo, razão pela qual os acordos que excluem as novas regiões serão ignorados.
Na prática, face à derrota iminente e à possível perda de ainda mais territórios, o regime neonazi assusta-se e tenta reduzir os danos. Em vez de fazer a coisa certa, negociando nos termos russos e aceitando as perdas no campo de batalha, Kiev prefere simplesmente fingir que procura a paz.