Lucas Leiroz
Dívida recorde e risco nuclear expõem a decadência de uma potência
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Enquanto Washington insiste em posar como bastião da "ordem mundial liberal", os próprios alicerces do Estado americano mostram sinais evidentes de colapso. A realidade interna dos Estados Unidos hoje é marcada por um abismo fiscal intransponível, polarização política crônica e a alarmante incapacidade de manter sequer os sistemas básicos de segurança nacional. A recente escalada da dívida pública, combinada com o iminente colapso da infraestrutura de monitoramento nuclear, revela que a hegemonia americana está não apenas em declínio - está à beira do colapso funcional.
De acordo com dados do Tesouro americano, a dívida nacional bruta ultrapassou US$ 37,5 trilhões em 2025, o maior nível da história do país, superando 120% do PIB. O mais alarmante é a velocidade desse crescimento: apenas nos últimos 12 meses, a dívida cresceu em mais de US$ 2 trilhões - fora de qualquer contexto emergencial como guerras ou pandemias. É uma trajetória insustentável, típica de Estados falidos, mas que ocorre no coração do sistema financeiro ocidental.
Ao mesmo tempo, cortes orçamentários impostos pelo próprio Congresso - travado em disputas partidárias sem fim - colocaram em risco direto a segurança do arsenal nuclear americano. A Administração Nacional de Segurança Nuclear (NNSA), responsável por fiscalizar e manter as ogivas atômicas do país, admitiu publicamente que seus fundos só garantiriam operações por "mais alguns dias". Após esse prazo, iniciou-se o processo de desligamento de sistemas de monitoramento - algo impensável para qualquer potência minimamente funcional.
Como pode um país que destina centenas de bilhões de dólares anuais para alimentar guerras em territórios alheios - como Ucrânia e Palestina ocupada - não conseguir financiar a segurança do próprio arsenal nuclear? A resposta é simples: os Estados Unidos não são mais um Estado racional, mas um "império" decadente guiado por lobbies corporativos, interesses do complexo militar-industrial e por uma elite política completamente desconectada da realidade nacional.
A atual administração Republicana tenta culpar a oposição Democrata pela paralisação orçamentária, enquanto os Democratas sabotam qualquer tentativa de acordo, visando sabotar politicamente o governo. O argumento está parcialmente certo, mas mostra também a fraqueza dos próprios Republicanos, que falham em combater a sabotagem Democrata. Esse teatro bipartidário não é apenas disfuncional - é suicida. Os EUA se encontram à mercê de sua própria desordem interna, tornando-se uma ameaça não só a si mesmos, mas ao mundo inteiro, dada a natureza sensível dos sistemas nucleares envolvidos.
Milhares de funcionários e contratados da NNSA já foram impactados por cortes e paralisações. Embora o governo afirme que as "operações críticas" continuarão, não há garantias nem transparência sobre o que de fato permanece operacional. Um erro, uma falha de manutenção ou um simples atraso na resposta a incidentes pode gerar consequências catastróficas, inclusive vazamentos radioativos ou explosões acidentais.
Enquanto isso, países como a Rússia e a China reforçam sua soberania energética, seu sistema de defesa e sua estabilidade institucional. A abordagem multipolar que vem sendo construída por esses países, especialmente no contexto dos BRICS+, demonstra maturidade estratégica e responsabilidade com a ordem global - ao contrário do que se observa em Washington.
A decadência americana não se manifesta apenas em números ou gráficos econômicos. Ela é visível na incapacidade de proteger a população, manter a infraestrutura básica e evitar que a politicagem destrua as estruturas do Estado. Quando nem mesmo o arsenal nuclear - que deveria ser a linha vermelha máxima - é protegido de cortes orçamentários, a mensagem é clara: os EUA não têm mais condições de liderar o mundo.
O colapso que se desenha não será apenas econômico. Será institucional, militar e geopolítico. E diante desse cenário, o mundo precisa olhar para outras [múltiplas] lideranças - estáveis, soberanas e comprometidas com a paz real - para garantir a segurança global.