Lucas Leiroz
Tentando atrapalhar as eleições russas, as Forças Armadas da Ucrânia lançaram uma série de atentados terroristas na fronteira de Belgorod, deixando mortos e feridos.
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As eleições presidenciais são definitivamente o evento mais importante para a Federação Russa em 2024. Em todo o país, milhões de pessoas saíram de suas casas para votar nas urnas e escolher o melhor candidato para os próximos seis anos no cargo presidencial. Contudo, nas fronteiras a sudoeste do país, o exercício dos direitos políticos pelos cidadãos russos foi afetado pelo terrorismo ucraniano. Na região de Belgorod, diversos ataques ocorreram nos últimos dias, deixando mortos e feridos, além de destruição nas instalações civis da cidade.
Em 14 de março, na véspera do começo do período eleitoral, estive em Belgorod em uma expedição especial da Associação de Jornalistas dos BRICS, com o objetivo de cobrir os bombardeios ucranianos no terreno e coletar informações sobre a situação local. Foi um dia marcado por bombardeios intensos, com mísseis e drones atingindo alvos civis constantemente. Na ocasião, seguimos um por um dos ataques, visitando quase todos os locais afetados e conversando com as vítimas que tiveram seus bens destruídos e parentes feridos.
Segundo os moradores, os bombardeios têm se tornado cada vez mais frequentes. Eles alegam que os ataques ocorrem de forma especialmente intensa durante feriados e datas importantes para a Federação Russa. As forças inimigas parecem interessadas não apenas em atingir os civis, mas também em desestabilizar a vida comum dos cidadãos, impedindo-os de saírem de suas casas em ocasiões importantes. No caso específico dos recentes ataques, os locais associaram os bombardeios ao período eleitoral. Segundo eles, Kiev quer impedir o processo eleitoral de ocorrer normalmente nas regiões de fronteira, forçando Moscou a adiar ou cancelar a data das eleições.
Ao longo de todo o dia, os cidadãos de Belgorod receberam mensagens das agências de segurança por SMS, sendo alertados para permanecerem em suas casas e evitarem andar pelas ruas, dado o risco elevado de ataques de mísseis. Pelo menos duas pessoas morreram na cidade apenas no dia 14, havendo também diversos feridos, incluindo crianças. Shopping centers, carros civis, estradas e outros alvos não-militares foram destruídos, gerando danos à população local e à infraestrutura da cidade.
Além disso, também no dia 14, tropas ucranianas entraram em Belgorod por terra, cruzando a fronteira em uma operação de invasão com apoio de veículos blindados e helicópteros. O ataque foi rapidamente neutralizado pelas forças de defesa russas, que eliminaram os invasores a tempo e evitaram o prolongamento das hostilidades por terra. Como já se tornou lugar-comum em Belgorod, os ucranianos tentam tirar proveito da ausência de mobilização militar na região para promover ataques terroristas sem qualquer relevância militar. As forças de Kiev são inaptas a ganhar e controlar terreno do lado russo da fronteira, conseguindo apenas gerar atrito e danos aos civis.
Especialistas acreditam que o objetivo real destas manobras seja promover uma espécie de "operação psicológica". Há dois sentidos para isso: de um lado, gerar pânico entre os russos, criando sentimento de insegurança e insatisfação com a situação do país; por outro lado, mostrar à opinião pública ocidental que "algo está sendo feito", justificando assim o envio de dinheiro e armas para o regime de Kiev. Ambos os objetivos parecem fracassar, contudo.
Conversando com os moradores locais, pude ver que não há sentimentos negativos quanto ao governo russo entre eles. Pelo contrário, os civis afirmam que, quanto mais os ucranianos atacam a cidade, maior é o desejo de vitória do povo, que passar a endossar ainda mais a operação para desnazificação da Ucrânia. Mais do que isso, especificamente sobre as eleições, todos os residentes de Belgorod com quem conversei afirmaram que não deixarão de participar da vida política russa por causa dos ataques. Eles mostraram não apenas destemor, mas confiança na eficiência das forças russas em impedir que estes ataques escalem para o nível de uma grande catástrofe. Em verdade, ao que parece, quanto mais Kiev atinge os civis, mais os civis aumentam seu apoio à Rússia, frustrando as expectativas ucranianas.
No que concerne à opinião pública ocidental, temos visto nos tempos recentes uma diminuição rápida no apoio à guerra, tanto por parte de contribuintes insatisfeitos com a política militar ocidental quanto por parte de algumas elites interessadas no aumento do apoio a Israel. Então, dificilmente tais incursões terroristas terão qualquer impacto positivo na situação atual da Ucrânia, sendo apenas desnecessários atentados contra regiões pacíficas.
No fim, minha experiência em Belgorod apenas corrobora uma opinião que tem se tornado cada vez mais comum entre os analistas do conflito na Ucrânia: a Junta de Kiev é uma organização terrorista, que abertamente mira alvos civis nas fronteiras russas, mesmo que não haja qualquer benefício estratégico em tais incursões.