04/11/2025 strategic-culture.su  4min 🇸🇹 #295362

A bem-sucedida operação policial no Rio de Janeiro pode expor a conexão narco-ucraniana

Raphael Machado

O Comando Vermelho é, entre as grandes facções criminosas do Brasil, a mais antiga ainda em operação, nascendo no período do regime militar.

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O governo estadual do Rio de Janeiro, chefiado pelo governador Claudio Castro, lançou uma grande operação policial nas favelas dos complexos da Penha e do Alemão. A operação em questão mobilizou a Polícia Militar (com as suas forças especiais como o BOPE e o Choque) e a Polícia Civil (com a sua força especial o CORE) com o objetivo de cercar as favelas em questão para cumprir centenas de mandados de prisão.

A mobilização policial envolveu 2.500 policiais e, estima-se, que nas favelas em questão havia mais de 500 membros da facção criminosa Comando Vermelho, a segunda maior do Brasil.

O Comando Vermelho é, entre as grandes facções criminosas do Brasil, a mais antiga ainda em operação, nascendo no período do regime militar. Hoje, a essência de suas operações concentra-se na ocupação territorial e na possibilidade de financeirizar essa ocupação: os narcoguerrilheiros cobram aluguéis de moradores, "taxas" dos comércios, monopolizam o fornecimento de TV a cabo, de gás e de energia elétrica, etc. Diante dessas fontes de renda, o papel da venda a varejo da maconha e da cocaína na renda da facção diminuiu em importância.

As forças policiais do Rio de Janeiro cercaram as favelas e "empurraram" os criminosos na direção de uma mata fechada. Os narcoguerrilheiros, porém, não esperavam que o BOPE estaria esperando por eles exatamente ali. O uso dessa tática explica a disparidade de baixas entre traficantes e policiais, com 4 policiais tendo morrido na operação, e, segundo as últimas atualizações, 132 narcoguerrilheiros tendo sido abatidos. Além desses, 113 outros narcoguerrilheiros foram presos e, até agora, mais de 90 fuzis (cada um deles custando milhares de dólares) foram apreendidos.

Mas uma peculiaridade da resistência do Comando Vermelho durante a operação policial foi o amplo uso de drones. Testemunhou-se que os narcoguerrilheiros usaram drones FPV para vigilância/inteligência, bem como para soltar granadas sobre os policiais. O uso de diversos drones para esses fins, bem como a maneira pela qual eles foram utilizados, é bastante reminiscente do uso de drones na Ucrânia.
De fato, já trabalhamos com essa informação no passado:

Os cartéis narcotraficantes do Brasil estão enviando soldados para atuarem como mercenários na Ucrânia. Com isso, esses soldados podem adquirir conhecimento militar atualizado, especialmente no uso das novas tecnologias militares, como os drones. E existe a forte possibilidade de que através desse "intercâmbio" se estabeleçam as pontes para o comércio de armas narcoucraniano.

Um exemplo é o "ex-mercenário" Pedro Ramaldes, que teria passado 1 ano na Ucrânia, e que tem também publicações indicando membresia no Comando Vermelho e atuação na Penha e no Alemão, mesmos locais da operação policial dessa semana. Não há informações, porém, que indiquem o destino do narcomercenário: morto, preso ou fugitivo.

Interessantemente, o senador Flávio Bolsonaro ressaltou ainda ontem que o Comando Vermelho está enviando soldados para treinarem na Ucrânia e que isso precisa ser urgentemente investigado pelas autoridades brasileiras, bem como ressaltou a necessidade de investigar essa onda de "remessa" de brasileiros para lutar pela Ucrânia, pela suspeita de conexões criminosas.Tudo indica que já há um esforço, movido por algumas figuras do meio policial, político e jornalístico, tentando identificar e mobilizar o governo brasileiro contra esse esquema de recrutamento de mercenários no Brasil.

Através de fontes particulares, eu consegui identificar a ida de aproximadamente 45 brasileiros para a Ucrânia, apenas nos últimos 2 meses, sendo forte a possibilidade de que entre eles haja pessoas com vínculos narcotraficantes.

Hoje já podemos começar a avaliar em que medida o regime Zelensky representa uma ameaça de desestabilização generalizada não apenas para o sudoeste eurasiático, mas também para a América Latina.

O intercâmbio de treinamento e equipamento com os cartéis narcotraficantes pode impactar as frágeis democracias locais, as quais de modo geral - com exceção de El Salvador - não demonstram ter a capacidade de liquidar as organizações criminosas que têm proliferado.

Ademais, no futuro, podemos acabar testemunhando o fluxo inverso, especialmente após uma eventual derrota de Kiev, com paramilitares ucranianos fugindo e encontrando serviço em cartéis narcotraficantes do Brasil, Colômbia ou México, e o mercado negro ucraniano potencialmente passando a se tornar a principal fonte de armas para as organizações criminosas daqui.

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